Mulher amarela no contador de histórias de Silko
A aclamada escritora nativa americana Leslie Marmon Silko (Laguna Pueblo) resume a tradição de contar histórias. Livro de Silko Narrador é uma coleção de prosa e poesia repleta de imagens visuais que destaca temas e eventos dramáticos em suas composições. Personagens femininos encontram um elo entre realidade e espiritualidade em "Yellow Woman" e "Cottonwood", duas histórias encontradas no Narrador.

Silko caracteriza a Mulher Amarela como um espírito feminino alimentado por uma conexão com a natureza e o poder da feminilidade. A autoridade da Mulher Amarela é fortalecida por uma paixão despertada do fundo da mulher comum. A narradora, que não tem nome, luta com esse poder e duas identidades ou mundos: uma é a vida contemporânea como dona-de-casa e mãe, e a outra é a tradicional herança pueblo em Laguna. Essa herança é abundante em lendas e tradição oral, que ela agora percebe ao atravessar - ou se tornar parte da - realidade da história. Suas experiências são uma narrativa que agora se torna parte das histórias mais amplas transmitidas por gerações de tradição oral, cumprindo, portanto, seu lugar ou identidade no pueblo.

A mulher luta com sua identidade, mas o breve caso que ela tem permite que ela se sinta fortalecida novamente. Ela se torna sua tradição oral quando aceita o papel de Mulher Amarela e reconhece que a Mulher Amarela pode estar escondida em todas as mulheres. Através das reflexões do narrador, fica evidente para o leitor que a Mulher Amarela está presa entre dois mundos. O encontro dela é uma transgressão ou um ato de heroísmo quando ela embarca nessa jornada para misturar dois mundos? O homem na margem do rio, ou espírito kachina, já revela um personagem que possui elementos de duas realidades. O tom da história diz ao leitor que a cultura pueblo é mais matrilinear do que masculina, como na cultura ocidental. Essa cultura nativa americana valoriza a fertilidade, o que fortalece ainda mais o significado da sexualidade e hierarquia feminina na sociedade.

À medida que a história avança, essa mulher aceita que os dois mundos fazem parte um do outro e esse conceito se concretiza na história "Cottonwood". A moral revela uma heroína abnegada que se entrega para que seu povo não passe fome. Na sociedade ocidental dominada por homens, é o homem que serve como herói para sustentar sua família ou comunidade. É interessante notar o tema da sociedade dominante da mulher ressaltado novamente quando a heroína diz que seu avô escolheu "Mulher Amarela" como sua história favorita. Os protagonistas são as mulheres - Mulher Amarela e Mulher Aranha - as mulheres que facilitam os eventos para o bem maior de seu povo. O narrador não apenas ocupa o lugar da Mulher Amarela nas histórias, como também entra no lugar do avô; ela é a contadora de histórias que renovará as tradições dos pueblos através da narração da história.